As Grandes Lojas Prince Hall

Originados em um tempo onde as concepções de mundo eram distintas, as grandes lojas “Prince Hall Affiliated” descendem diretamente da African Lodge n° 459, fundada por Prince Hall, um maçom de local incerto de nascimento, que foi o grande responsável por levar a Verdadeira Luz aos negros dos Estados Unidos

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As Grandes Lojas Prince Hall

Prince Hall é um dos dois ramos da Maçonaria Simbólica dos Estados Unidos

As Grandes Lojas Prince Hall são um dos dois ramos da Maçonaria simbólica dos Estados Unidos. Em muitos países a Maçonaria possui idiossincrasias que podem ser mal compreendidas. O Brasil é um grande exemplo disso, com seus três sistemas regulares coexistentes.

A Ordem como um todo, apesar de manter uma unidade em relação aos princípios e elementos doutrinários, em cada país – e por quê não em cada estado, cada cidade e cada loja – possui particularidades em relação à organização interna, a relação entre seus membros e entre as organizações.

Originados em um tempo onde as concepções de mundo eram distintas, as grandes lojas “Prince Hall Affiliated” (PHA) descendem diretamente da African Lodge n° 459, fundada por Prince Hall, um maçom de local incerto de nascimento, que foi o grande responsável por levar a Verdadeira Luz aos negros dos Estados Unidos. Hoje, as potências regulares originadas deste legado se organizam na Conference of Grand Masters Prince Hall Affiliated.

Prince Hall

Ainda que por motivos distintos, a coexistência entre dois grandes ramos na maior Maçonaria do mundo tem uma correlação com o panorama maçônico do Brasil.

A origem da Maçonaria Prince Hall e a African Lodge

A origem da Maçonaria Prince Hall teve origem no ambiente da Guerra Revolucionária Amnericana. Maiores informações estão disponíveis no site da Conferência de Grãos Mestres Prince Hall. Outra fonte confiável é a Phylaxis Society, uma entidade cultural e educativa vinculada aos maçons das PHA.

Em 6 de março de 1775, Prince Hall e quatorze outros homens foram iniciados na Military Lodge 441, da Grande Loja da Irlanda. Esses maçons se reunirem como Loja Africana nº 459 e eles se tornaram os primeiros maçons negros nos Estados Unidos.

Prince Hall, observando que a integração entre maçons negros e brancos era difícil. Em 2 de março de 1784, no ano seguinte ao fim da guerra, ele escreveu uma carta a William Moody, Venerável Mestre da Brotherly Love Lodge n° 55 em Londres, da Premier Grand Lodge of England. Nesta, afirmava que a African Lodge estava em operação há oito anos e eles tinham apenas “uma Permissão para caminhar no Dia de São João e enterrar seus mortos de maneira e forma” e que por isso achou “melhor enviar para as Fontes de onde ele recebeu a Luz para uma patente”.

Após alguns desencontros a Premier Grand Lodge consedeu a carta constitutiva da loja. A partir dela, Prince Hall ajudou a estabelecer mais lojas, sendo as primeiras na Filadélfia e em Providence. Outros maçons negros procuraram Prince Hall para formação de lojas em suas localidades.

Desta forma, dezenas de lojas formadas por negros e com cartas expedidas por Prince Hall passaram a funcionar. Em 1827, essas lojas organizaram uma conferência e fundaram Grande Loja Africana.

O movimento foi se espalhando por todo o país. Prince Hall morreu em 4 de dezembro de 1807 e em 1847, em homenagem ao percursor, a African Grand Lodge trocou seu nome para Prince Hall Grand Lodge. Ao longo dos anos, cada estado foi fundando sua própria Grande Loja.

Hoje, além dos Estados Unidos, há Grandes Lojas Prince Hall na Liberia (país africano fundado por homens libertos da escravidão nos Estados Unidos), Alberta, no Canadá, além de lojas no Caribe mantidas pela Grande Loja Unida Prince Hall da Flórida e Caribe.

A convivência entre potências no mesmo território

Segundo o pesquisador John B. Williams, em 1897, a Grande Loja de Washington analisou a legitimidade e decidiu reconhecer a Prince Hall de seu estado (Washington sendo o estado à noroeste dos Estados Unidos, não confundir com a capital Washington D.C.). Uma forte reação de 17 outras grandes lojas fez com que no ano seguinte se revogasse o reconhecimento.

Em 1947, foi a vez de Massachusetts, estado natal das Prince Hall. A Grande Loja do estado que reconheceu a legitimidade da sua contraparte Prince Hall. Novamente, dezenas de outras potências se opuseram formalmente e o reconhecimento não se consumou.

De qualquer forma, relações informais seguiram acontecendo, em nível fraternal. Na década de 1960, se desenvolveram várias ações entre os maçons de ambas as grandes lojas de Connecticut, inclusive no combate a uma grande loja espúria. Estas ações se refletiram em outros Estados, e ao longo do tempo, foram levando a uma consertação mais efetiva.

A Grande Loja de Wisconsin seguiu os passos, e em 1977 reconheceu a legitimidade da Prince Hall de seu estado. Ainda que sem reconhecimento, em 1980 o então Grão Mestre chegou a propor a fusão das duas grandes lojas, o que a Prince Hall não aceitou. O reconhecimento era o objetivo. Estas idas e vindas tiraram de Wisconsin a primazia do reconhecimento entre uma Grande Loja e a Prince Hall.

A Grande Loja de Connecticut, em 1989, foi a primeira a reconhecer A Grande Loja Prince Hall de seu estado. Esse marco histórico abriu passagem a dezenas de reconhecimentos mútuos e territórios. No mês seguinte, foi a vez de Nebraska. No ano seguinte, Kansas e Wisconsin e já no ano seguinte 13 estados estavam com as duas respectivas grandes lojas em reconhecimento mútuo.

Reconhecimento internacional das Prince Hall

Hoje as Grandes Lojas Prince Hall têm amplo reconhecimento pelo mundo, e teriam até mais caso desejassem. O Grande Oriente Paulista tem reconhecimento mútuo apenas com a MW Prince Hall Grand Lodge of District of Columbia (Washington DC). Já enviamos pedidos de reconhecimento a outras, que ainda não foram respondidos. A Grande Loja Unida da Inglaterra reconhece hoje quase todas as PHA.

A Maçonaria do Brasil como analogia

Os atuais maçons brasileiros, à exceção dos irmãos com mais de cinquenta anos de atividades, foram iniciados em um ambiente – ainda que muitas vezes beligerante – em que três grandes ramos da Maçonaria regular coexistem: o Grande Oriente do Brasil (1822), as grandes lojas estaduais (entre elas a GLESP, funada em 1927) e os grandes orientes estaduais, fundados a partir de 1973, entre eles o nosso Grande Oriente Paulista, fundado em 1981.

Estes três ramos da Maçonaria Brasileira não possuem diferenças de princípios de regularidade e doutrinários. As cisões se deram por questões políticas e administrativas. Por isso, por muitos anos, apesar da convivência fraterna entre os irmãos e as lojas, as potências formalmente não se reconheciam. O que deixa tudo mais único é que os próprios grãos-mestres se visitavam em sessões maçônicas e as potências cooperavam tranquilamente.

A partir de 1999, com o reconhecimento e compartilhamento de território entre GOB e GLESP, houve um movimento de pacificação da Maçonaria do Brasil. Tratados entre o GOB e grandes lojas e de grandes lojas com grandes orientes estaduais começaram a se proliferar. Ainda que um abalo sensível neste movimento tenha ocorrido em 2014, já em 2017 iniciaram-se as conversas para que os três grandes ramos da Maçonaria do Brasil pudessem coexistir de maneira formal. Culminando, em 2019, com a grande maiorias das potências brasileiras assinando tratados de reconhecimento e compartilhamento de território entre si, seja o GOB, sejam os grandes orientes e grandes lojas conterrâneas.

Maçonaria irregular e clandestina

Não são de hoje nem são raros os relatos de iniciações organizações clandestinas e sem legitimidade de origem. No Brasil, recentemente, um grupo conseguiu centenas de membros através de anúncios em redes sociais, com promessas de ascenção pessoal e financeira, promovendo jantares, venda de relógios da China a preços exorbitantes e prometendo a iniciação na Maçonaria. Nos Estados Unidos, a situação é ainda pior.

A The Phylaxis Society’s Commission on Bogus Masonic Practices (Comissão da Phylaxis Society para as Práticas de Falsa Maçonaria) monitora estas atividades. Segundo ela, “existem mais grandes lojas falsas afro-americanas nos Estados Unidos do que grandes lojas regulares no mundo.

O grande público, leigo, não conhece as particularidades da Maçonaria. Se muitas vezes para os maçons é difícil explicar, o que dizer de um profano? Por isso, muitas vezes as pessoas entram nessas organizações de boa vontade. Não é devido, portanto, fazer qualquer juizo de valor sobre as pessoas que entram em potências clandestinas.

Porém, o argumento coringa da fraternidade não pode ser utilizado à vontade. Como toda sociedade a Maçonaria possui suas regras, e estas pessoas podem procurar a Maçonaria verdadeira para se iniciarem na devida forma, em uma potência regular.

A falsas Prince Hall (bogus Freemasonry)

Eu recentemente mantive contato com o Resp. Ir. Joshua Feliciano, secretário da Comissão supracitada. Ao questionar a respeito de organizações no Brasil que usam o nome mas que não são reconhecidas pelas Grandes Lojas Prince Hall regulares, ele foi categórico:

The National Grand Lodge, National Compact, Prince Hall Origin was first formed in 1847 with Grand Lodges that had lineage to African Lodge No. 459. In 1878, the Grand Lodges under the National Grand Lodge voted to disband the National Grand Lodge and become Sovereign. Between 1878 and 1888 there was no activity from the National Grand Lodge. In 1888 and man by the the name of William D. Matthews illegally reorganized the National Grand Lodge with no authority by using expelled masons. In 2020, that same body split creating 2 different National Grand Lodges, PHO. 1 led by Cedric Lewis at that time and the other led currently by Tyrone Montgomery. Both are 100% bogus and clandestine. We hope this helps with educating those members and the public in Brazil.

Traduzindo:

A National Grand Lodge, National Compact, Prince Hall Origin foi formada pela primeira vez em 1847 com grandes lojas da linhagem da African Lodge No. 459. Em 1878, as Grandes Lojas sob a National Grand Lodge votaram para dissolver a National Grand Lodge e se tornarem Soberanas. Entre 1878 e 1888 não houve atividade da National Grand Lodge. Em 1888, um homem chamado William D. Matthews reorganizou ilegalmente a National Grand Lodge sem autoridade usando maçons expulsos. Em 2020, esse mesmo corpo se dividiu, criando 2 National Grand Lodges diferentes, PHO. 1 então liderada por Cedric Lewis e a outra liderada atualmente por Tyrone Montgomery. Ambas são 100% falsas e clandestinas. Esperamos que isso ajude a educar seus membros e o público no Brasil.

Portanto, assim como o termo Maçonaria, o termo Prince Hall não pode ser impedido de ser usado. Porém, nenhuma potência Prince Hall Affiliated fundou no Brasil uma grande loja, e se o fizesse, estaria invadindo território. E nem faria sentido, dado que no Brasil não houve em qualquer momento da história qualquer limitação ou segregação racial na Maçonaria. Ela é aberta a qualquer raça, etnia ou origem, desde que o homem seja livre, de bons costumes e não seja ateu. Qualquer organização que use o termo Prince Hall no Brasil, além de fazê-lo de maneira irregular, é também uma organização clandestina.

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Um comentário

  1. Frederico Gregio Filho

    Parabens a todos nos pela uniâo que estamos vivendo ,nosso grande Oriente Paulista e as grandes lojas assim, tambem como o GOB , estou feliz , vejo mais prosperidade na maçonaria universal .

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